Fisioterapia na Doença de Parkinson

A Doença de Parkinson (DP) é uma das doenças degenerativa mais frequentes do sistema nervoso central. Caracteriza-se por acometimento de neurônios da zona compacta da substância negra com presença dos corpúsculos de Lewy, diminuição da produção de dopamina, resultando em desordens do movimento. De etiologia incerta a DP parece estar ligada a distúrbios genéticos e a fatores ambientais. Aproximadamente 1 a 2% da população acima de 65 anos apresenta DP. Modernamente considera-se a DP como afecção do adulto, progressiva, responsiva à levodopa e comumente associada a manifestações motoras.


Muito se tem avançado no tratamento da DP nos últimos anos, apesar de não conseguirmos evitar a progressão inexorável desta entidade. A levodopa é o mais potente e o mais tolerado medicamento. Pode-se usar a levodopa isoladamente ou associada à agonistas dopaminérgicos, sendo o pramipexol, o ropinerol, a cabergolina, a lisuruda e a rotigotina os mais empregados. Outros fármacos utilizados são os inibidores da MAO B como a selegilina e a rasagilina, a amantadina, os anticolinérgicos e a apomorfina. Mesmo sendo o medicamento mais eficaz e mais usado, a levodopa apresenta efeitos colaterais precoces ou tardios em cerca de 80% dos pacientes com DP: as flutuações, o “wearingoff ”, o fenômeno “on-off ”, as discinesias e os distúrbios mentais. Podem-se associar os inibidores da enzima catecol-O-metiltransferase (COMT), com a finalidade de diminuir os efeitos colaterais da levodopa. A procura por medicamentos neuroprotetores é grande, porem não existe ainda substância que interrompa a evolução natural da doença.

O tratamento cirúrgico consiste no estéreo coagulação de algumas estruturas extrapiramidais como a talamotomia e a palidotomia ou a introdução de eletrodos bilateralmente em regiões talâmicas ou subtalâmicas, Associado ao tratamento médico deve-se orientar os pacientes para cuidados fonoaudiológicos e fisioterapia. O exercício terapêutico é um elemento central na maioria dos planos de assistência da fisioterapia, complementado por outras intervenções, com a finalidade de aprimorar a função e reduzir uma incapacidade.

FISIOTERAPIA NA DP

A fisioterapia é empregada como tratamento adjunto aos medicamentos ou a cirurgia utilizada na DP. Mesmo assim ainda existem dúvidas acerca deste tratamento coadjuvante. Seu valor subestimado talvez se deva à comparação com o tratamento medicamentoso. A reabilitação deve compreender exercícios motores, treinamento de marcha (sem e com estímulos externos), treinamento das atividades diárias, terapia de relaxamento e exercícios respiratórios. Outra meta é educar o paciente e a família sobre os benefícios da terapia por exercícios. Devem ser avaliados os sintomas neurológicos, a habilidade para andar, a atividade da vida diária (AVD), a qualidade de vida (QV) e a integração psíquica.

A intervenção fisioterápica inclui a terapia convencional e ocupacional, terapia com estímulos visuais, auditivos e somato-sensitivos. Os estímulos facilitariam os movimentos, o início e continuação da marcha, o aumento do tamanho dos passos e a redução da freqüência e intensidade dos congelamentos. Também poderiam ser realizado treinamento em esteira com suporte do peso, treinamento do equilíbrio, treinamento com exercícios de alta intensidade e terapia muscular ativa. Todo o exercício tem como objetivo melhorar a função do movimento, como levantar, andar, sentar, as atividades motoras, bradicinesia, e redução das quedas. Alguns autores consideram a diminuição do número de quedas as metas principais. Justificam que 68,5% dos pacientes com DP apresentam quedas, sendo que 33% destes teriam fraturas ósseas com admissões em hospitais. O propósito da fisioterapia e melhorar e manter a facilidade e segurança das AVD e prevenir complicações secundárias. Infelizmente nem todos os pacientes são submetidos a estes cuidados. Alguns por não serem encaminhados pelos neurologistas, geriatras ou clínicos, por desconhecimento ou pela atitude séptica destes profissionais e outros por falta destes serviços na comunidade em que residem. Em alguns países como na Inglaterra a fisioterapia é praticada em 7% dos pacientes com DP, já na Holanda em cerca de 60%.

Entretanto as quedas frequentes, fraturas, perda da independência, inatividade, causando isolamento social e o risco de osteoporose e doenças cardiovasculares resistentes a tratamento medicamentoso e à cirurgia encorajam aqueles que lutam para incrementar exercícios fisioterápicos para estes enfermos.


FONTE: http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2010/v46n2/a0002.pdf


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